Marcha do Silêncio em memória dos desaparecidos da Ditadura Militar no Uruguai

Marcha do Silêncio em memória dos desaparecidos da Ditadura Militar no Uruguai

No dia 20 de maio de 1966, na cidade de Montevidéu – capital do Uruguai – acontecia a primeira Marcha do Silêncio em memória dos presos políticos desaparecidos no período da ditadura militar (1973 – 1985). Desde então, o ato convocado por uma organização de mães e familiares tem se repetido todos os anos.

O golpe de Estado que instituiu o regime militar no Uruguai aconteceu no dia 27 de julho de 1973. Nesse momento em que o país vivia grande crise financeira e instabilidade política, Juan Maria Bordaberry, eleito presidente, decreta o fechamento do Senado e da Câmara dos Deputados, bem como a criação de um Conselho de Estado para substituir o Parlamento.  

Bordaberry é apoiado pelas Forças Armadas que vinham ganhando maior protagonismo político no Uruguai na última década, devido às ações que empreendiam contra os guerrilheiros Tupamaros. Em seu discurso, o presidente utiliza a infame justificativa de necessidade de uma reforma na Constituição, no sentido de reafirmar os princípios de democracia e liberdade.

Apesar do golpe ter sido viabilizado por um civil ocupando a presidência, o real poder se concentrava nas mãos dos militares que, aos poucos, foram diminuindo a capacidade de influência e ação da ala civil. O regime político instituído contou com o apoio de outros países da América Latina na chamada Operação Condor, um plano de ação conjunta entre diversos governos militares e ditatoriais da região.

O período, que se estendeu até fevereiro de 1985, foi marcado pela proibição dos partidos políticos, ilegalidade de sindicatos, censura à imprensa e pela perseguição, prisão, tortura e desaparecimento dos membros da oposição. Estima-se que 174 pessoas foram consideradas desaparecidas e pelo menos 100 morreram na prisão. 

Após o fim da ditadura, familiares dos presos políticos assassinados e desaparecidos convocam a Marcha do Silêncio como forma de não deixar que sejam esquecidas as atrocidades cometidas pelo Estado militar e também para exigir esclarecimentos sobre os desaparecidos. Com o tempo o ato se estendeu, para além de Montevidéu, a cidades do interior uruguaio. Todos os anos, pessoas tomam as ruas em uma caminhada silenciosa, carregando fotografias dos desaparecidos.

No ano de 2011 ocorreu a décima quinta edição da marcha sob o mote “Verdade e justiça, direito de todos, responsabilidade do Estado”. Nesse mesmo dia, uma proposta de anulação da Lei de Caducidade – a lei que impediu que fossem investigadas as violações dos direitos humanos ocorridas durante a ditadura – sofreu uma derrota no parlamento apesar das pressões populares por sua aprovação.