União da Juventude Comunista repudia trote violento e preconceituoso na UFMG

União da Juventude Comunista repudia trote violento e preconceituoso na UFMG

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No dia 15 de março de 2013, estudantes veteranos da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), aplicaram aos calouros um trote de caráter explicitamente racista e que, inclusive, fazia alusões ao nazismo (fotos abaixo, crédito: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,trote-com-teor-racista-causa-indignacao-nas-redes-sociais,1010255,0.htm). Em uma das fotos, uma jovem branca aparece com o corpo pintado de preto, com as mãos acorrentadas e ostentando um cartaz com a seguinte frase: “Caloura Chica da Silva”. Outra foto mostra um jovem amarrado em uma estrutura do prédio rodeado por veteranos levantando a mão aberta para o alto, em alusão ao líder nazista, Adolf Hitler. Existem denúncias que apontam um dos jovens que aparecem nessa foto como integrante de um grupo fascista de extrema-direita.

No site http://santaterezatem.com.br/index.php?option=com_categoryblock&view=article&id=545, conseguimos as seguintes informações sobre a lei brasileira sobre a apologia ao nazismo e sobre a discriminação racial:

· “§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)” – é crime sob a Lei do Crime Racial – Lei 7716/89 | Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, com pena de dois a cinco anos de reclusão e multa.

Sobre o Código Penal Brasileiro, artigo 140, 3º, afirma “Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem: pena – reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa”.

Histórico

O nazismo surgiu nas primeiras décadas do século XX e teve seu auge na década de 1930 na Alemanha, tendo como expoente Adolf Hitler, e possuía como principais características:

· Exaltação da raça ariana e eliminação física de pessoas de outras raças (o que inclui negros);

· Eliminação de homossexuais, comunistas, judeus (morreram 6 milhões de judeus), eslavos (cerca de 30 milhões morreram só na União Soviética), liberais e demais grupos contrários ao nazismo. Existiam campos de concentração, os quais pessoas do mundo todo morriam de maneira extremamente cruel;

· Expansão imperialista abrupta e violenta e rápida de países pelo exército alemão.

Ao fim da Segunda Guerra Mundial em 1945, com contribuição fundamental do Exército Vermelho e do povo soviético, o nazismo foi varrido do mapa da Europa e deixou de existir enquanto projeto político real. No entanto, no final do século XX, as sucessivas crises econômicas e sociais vividas pelos países europeus propiciou a ascensão de partidos de extrema-direita e grupelhos neonazistas; tendo estes agora, como foco de suas covardes ações, não mais os judeus, mas as organizações de esquerda e a numerosa leva de imigrantes advindos principalmente de África e Ásia.  

Como toda ideologia, o nazismo se sustenta em representações parciais e distorcidas da realidade, verdades inventadas a fim de legitimar uma forma de dominação; no caso, a supremacia da suposta “raça ariana” sobre aos demais povos da Terra.

Por si só, a ideia de uma “raça pura” já seria de extrema incoerência, uma vez que o próprio conceito de raça já foi há muito derrubado pela ciência, que é unânime em declarar a unicidade da espécie humana.

Mas, certamente, o mais absurdo, é a sustentação de uma ideologia com esse caráter numa sociedade como a brasileira, que se caracteriza não apenas pelo enorme contingente de descendentes diretos e índios e negros, mas também por ter sido formada basicamente pelo maior processo de miscigenação da história da humanidade. O que evidencia como essas organizações não podem se sustentar a não ser pela rarefação mental de seus integrantes.

Entretanto, apesar das enormes incoerências ideológicas nas quais se apoiam estes grupos, é preciso ter em mente que estas organizações encontram respaldo em setores das classes dominantes; que pelo seu cínico convencionalismo, procura disfarçar os seus (pré)conceitos e juízos sobre as camadas subalternas, seja ela formada por índios, pretos, mestiços ou brancos pobres.

Ora, como bem sabemos, dentre os principais aspectos da formação social brasileira figura a malícia com que nossas elites conseguiram, ao longo desses séculos, assumir a postura e vestir a carapuça de um grupo social isento de qualquer forma de preconceito e discriminação. Conseguindo assim, passar incólume perante o universo de concepções e práticas preconceituosas que marcam nosso passado e presente. Mantendo-se confortavelmente protegida pelo manto sagrado da democracia racial brasileira.

Como a Universidade não é uma ilha isolada do restante da sociedade, nela, o racismo e outras formas de preconceito não deixam de aparecer de maneira velada, disfarçada e firmar em meio a sua negação. Simultaneamente às diversas manifestações de repúdio ao trote da Faculdade de Direito emergiram pronunciamentos afirmando a inexistência de racismo no interior da instituição.

De qualquer forma, que o trote realizado na Faculdade de Direito da UFMG não foi um fato isolado. Recentemente, no dia 15 de março de 2013, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), emitiu uma nota em seu site nacional intitulada: “O PCB não se intimida com neonazistas” (ver em http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=5649:o-pcb-nao-se-intimida-com-neonazistas&catid=25:notas-politicas-do-pcb), em que rechaça as ameaças feitas às organizações e de esquerda por grupos de extrema-direita no Rio Janeiro.

Sendo assim, União da Juventude Comunista e o Partido Comunista Brasileiro repudiam veemente quaisquer manifestações racistas, homofóbicas, machistas, principalmente as de cunho nazista e exige da UFMG uma postura firme perante tal situação.