UFPE tenta, mas falha em impedir ato contra Bolsonaro em Vitória de Santo Antão

UFPE tenta, mas falha em impedir ato contra Bolsonaro em Vitória de Santo Antão

Autor não identificado por razões de segurança.

Seguindo a avassaladora onda de mobilizações nacionais organizadas contra a candidatura do fascista Jair Bolsonaro, estudantes e trabalhadores da UFPE – Campus Vitória (CAV) organizaram, para a próxima quinta (27), um importante ato político em repúdio à candidatura da extrema-direita.

A mobilização é um esquenta para o dia 29, que será marcado por atos massivos em todo o país contra tudo que representa o candidato. São inúmeras as figuras públicas que romperam com o silêncio e abertamente declararam o repúdio a Bolsonaro. A mobilização aumenta dia após dia, com quase 3 milhões de mulheres no grupo nacional que propôs o dia 29 de luta. As mulheres, ponta de lança desse processo, estão inspirando toda uma geração a perder o medo para enfrentar o fascismo com a força da luta coletiva. No campus Vitória, a mobilização foi convocada pelo Diretório Acadêmico de Educação Física (DAEF – UFPE CAV) e pela Resistência.

Nessa quarta, os organizadores do ato receberam uma notificação do diretor do centro, prof. José Eduardo Garcia, informando que a manifestação não poderia acontecer, por conta de suposta violação ao Código Eleitoral.

Para justificar a censura, o diretor acionou o Procurador Federal junto à UFPE, que, em parecer, utilizou um dispositivo do Código Eleitoral (art. 377) que veda que o serviço de qualquer repartição pública seja utilizado para beneficiar partido ou organização de caráter político. Ocorre que o ato em questão não está beneficiando qualquer candidatura ou partido. Trata-se de uma legitima mobilização contra um sujeito aberta e violentamente contrário às cotas sociais, à igualdade salarial entre homens e mulheres, aos serviços públicos e, sobretudo, a todos os que ousam lutar por uma sociedade justa. Evidentemente, o fato de o indivíduo em questão estar concorrendo à presidência não torna suas condutas e posicionamentos menos graves e repudiáveis.

Ou seja, a utilização do artigo 377 é uma mera formalidade que dá um aspecto de legalidade para uma grave restrição à liberdade de manifestação. Isso fica ainda mais escancarado, quando, no parecer, se lê um julgado de 1989 do Tribunal Superior Eleitoral que versa sobre um tema completamente alheio ao discutido: a abordagem de jornais editados por sociedades de economia mista sobre os candidatos.

A Constituição Federal estabelece, em seu art. 206, a liberdade de divulgar o pensamento, o pluralismo de ideias e a gestão democrática do ensino público. Ao que parece, todas essas garantias viram palavras vazias na medida em que a luta organizada passa a incomodar certos setores, mesmo na Universidade. Até o momento, o reitor Anísio Brasileiro não se manifestou sobre o caso.

Felizmente, essa farsa jurídica típica de nossos tempos não desmobilizou o ato.

Pelo contrário, a tentativa frustrada de censurar a livre manifestação trará ainda mais estudantes para esse grande dia de luta, tal qual foi a massiva mobilização das estudantes da Faculdade de Direito do Recife nessa quarta. A amostra grátis da censura defendida por Bolsonaro dada pelo diretor do centro será uma faísca que incendiará a UFPE e dará um novo ânimo ao movimento estudantil pernambucano. Uma nova mobilização das mulheres acontecerá na próxima sexta no campus Recife, e será o fermento final para a construção, no próximo dia 29, de um grande e histórico dia de luta contra o fascismo.

“O fascismo será derrotado com as massas nas ruas!” (Edmilson Costa)

#EleNão
#EleNunca

Vamos sem medo. Ousar lutar, ousar vencer!

Parecer do Procurador Federal opinando pela proibição do evento na UFPE (clique para expandir):