Nota de Apoio da UJC à Retomada Gãh Ré em Porto Alegre - Retomar, Lutar e Conquistar!
A União da Juventude Comunista reafirma seu compromisso absoluto com a luta dos povos originários e se soma sem hesitação à Retomada Gãh Ré. Toda nossa militância está à disposição e empenhada em lutar ao lado do Movimento Indígena até a conquista deste importantíssimo território. Desde a Retomada pela Casa do Estudante Indígena, temos marchado ombro a ombro e assim seguiremos até vencer a guerra contra aqueles que nos exploram e oprimem: desde os grandes latifundiários do agronegócio no campo e nas florestas à especulação imobiliária nos centros urbanos, sempre associados ao capital financeiro nacional e internacional. Não haverá uma revolução neste país, nem se pode falar em Poder Popular, sem o protagonismo dos povos originários.
Na noite desta terça-feira (18), um dia marcado por manifestações em todo Brasil em defesa da educação pública e contra o fascismo, em Porto Alegre, dezenas de indígenas dos povos Kaingang e Xokleng iniciaram mais um processo de retomada de um território ancestral, hoje sob posse de uma família burguesa do Rio Grande do Sul. O terreno localizado no Morro Santana – o ponto mais alto da capital gaúcha -, conhecido pela enorme cratera legada pela extração de pedras nas décadas de 60 e 70, volta a ser disputado pelos povos indígenas que de lá foram expulsos pelos colonizadores. A área em processo de retomada é propriedade da família Maisonnave.
Boa parte do Morro Santana é considerada Área de Preservação Permanente (APP), ou seja, uma área que não pode ser desmatada, nem explorada de qualquer forma, mas apenas manejada com fins exclusivamente públicos, ambientais e culturais. A chácara que foi ocupada faz parte desta área. No entanto, em mais uma manobra política, a prefeitura – servil que é ao capital imobiliário, que manda na cidade – ignorou os laudos técnicos que reafirmaram, por diversas vezes, a importância ecológica, cultural, histórica e arqueológica do território. Ao fim, a área que era definida como de “preservação permanente”, passou a ser “de ocupação intensiva”, para atender à fome de dinheiro da familia Maisonnave, cujo grupo empresarial visa a construção de 11 torres com 714 apartamentos e 865 vagas de garagem.
A família Maisonnave era proprietária do Banco Maisonnave, que faliu na década de 80 com uma dívida milionária. A partir disso, muitas das propriedades desta família foram penhoradas na justiça, como diversos terrenos que possuem na capital gaúcha. Mesmo sem indícios de que sua dívida foi quitada, a família de capitalistas segue realizando empreendimentos e lucrando com a especulação imobiliária, por meio da empresa Maisonnave Companhia de Participações. Sua influência sobre a prefeitura de Porto Alegre para alterar o plano diretor da cidade (que define as regras de urbanização no território municipal) é só mais uma prova de que a cidade não serve ao povo trabalhador, mas sim, à classe capitalista. A célebre frase de Marx e Engels se mantém atual: “O governo do Estado moderno não é mais que um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa”.
Durante o governo Bolsonaro, os povos originários do Brasil, ao mesmo tempo que sofreram duramente com o avanço do sanguinário agronegócio, também fizeram um enfrentamento exemplar ao fascismo brasileiro, com manifestações que somaram centenas de milhares de indígenas de todas as regiões do país para defender seus territórios, a natureza e as suas vidas. Em Porto Alegre, não tem sido diferente. Nesta grave conjuntura política que vivemos, é preciso reafirmar diariamente que somente a luta radical muda a vida. É por isso que convocamos todes a se somarem e contribuirem para a consolidação dessa Retomada e da necessária vitória dos povos indígenas de nossa região.
Contribua com a Retomada pelo PIX: 34902236087