Nota política: Repúdio à truculência e práticas de cunho opressivo realizados durante o processo eleitoral para tiragens de delegados para o Conune na UFAC

O que foi colhido até agora são fatos e vídeos que mostraram que no processo de eleição para o Conune nós sofremos diversos episódios de transfobia e violência por parte da chapa 02 (UJS e JPT) explicitados aqui.

Nota política: Repúdio à truculência e práticas de cunho opressivo realizados durante o processo eleitoral para tiragens de delegados para o Conune na UFAC

A chapa Disputar o Presente Construir o Futuro, vem por meio desta nota política, repudiar a condução do processo de eleição para a tiragem de delegados rumo ao 60º CONUNE, que aconteceu dia 18/06/2025, de forma que trouxe à tona práticas de racismo, transfobia e machismo.

Crime de transfobia

O processo eleitoral foi constituído de práticas violentas a corpos minoritários, sendo uma das vítimas, em diversos momentos, a camarada Kelme Espina - mana travesti negra- que a todo momento passou pelo constrangimento de ter seus pronomes tratados no masculino por parte de alguns representantes da Chapa 02 - Canto de Coragem, sendo dirigida pela UJS/JPT.

Isso acontece devido à falta de preparo e formação da majoritária em relação a corpos trans, promovendo um constrangimento público para essas pessoas, de terem seus pronomes trocados intencionalmente. Além disso, não se pode deixar de pautar que fora contactado um dos membros da referida chapa (Léo Maia), para denunciar a prática de transfobia, e fomos respondidos com escárnio e deboche, foi proferido o seguinte: “quando existe acusação e existe prova o caminho é o da justiça, não do WhatsApp, infelizmente meu diploma de juiz não saiu”.

Essa fala evidencia não apenas desprezo pelo sofrimento alheio, mas uma postura defensiva e irresponsável diante de uma denúncia grave. O movimento estudantil não pode se permitir esse tipo de comportamento, sob pena de se tornar conivente com a reprodução de opressões.

Faz-se necessário lembrar que a própria instituição de justiça é transfóbica, e o meio de se combater a transfobia é também o meio político. A camarada Kelme, só no ano de 2024, fez duas denúncias de transfobia no Ministério Público, e as denúncias estão até hoje travadas.

Pessoas negras sendo colocados no espaço de agressivos/loucos

O processo também contou com arbitrariedades, agressões verbais e com propagação de estereótipos referentes à população negra no Brasil. Desde do início, as várias tentativas de fraudar o processo eleitoral entraram no jogo da disputa.

Nossa atuação enquanto fiscais visava garantir um processo eleitoral o mais democrático possível, utilizando meios legítimos para a identificação dos eleitores, utilizando práticas que são comuns em eleições de Conune e DCE, inclusive na última eleição de DCE da ufac foi utilizado a mesma forma de eleição onde era obrigatório apresentar qualquer documento com foto (carteira de estudante, carteira do RU, identidade, carteira de motorista ou de trabalho) sendo documento físico, scanner ou digital.

No entanto, a postura firme em assegurar a legitimidade da votação acabou sendo “interpretada” propositalmente como um impedimento ao direito de voto e fomos taxados como “loucos”, como o ocorrido com o fiscal da chapa 03 (Lucas Barros) que foi visivelmente atacado durante o processo eleitoral, sendo colocado num lugar de homem negro raivoso ao enfatizar a necessidade de qualquer documento com foto para votação. Ao tentarmos aplicar regras básicas de identificação, fomos alvo de gritos, agressões e intimidações por parte de membros da chapa majoritária(chapa 02), que nos rotularam como agressivos ou desequilibrados — o que é ainda mais preocupante considerando que a maioria dos integrantes da nossa chapa era composta por pessoas negras, mulheres e membros da comunidade LGBTQIA+.

Os membros da majoritária da Une (UJS e JPT) tentaram impedir que alunos membros da chapa adversária (chapa 03) e estudantes em gerais votassem no local de votação indicado pela própria C10 (comissão formada, em grande parte, por membros da mjoritária). A mentira era dizer que aquele não era o local de votação de determinado curso.

Durante o período em que ocorria a apuração dos votos, o dirigente de formação da UJS, Lucas Braga (é possível ver diante dos vídeos gravados) tentou agredir um de nossos militantes com uma sandália e foi contido por membros da sua própria chapa. O mesmo ao longo do dia, protagonizou diversas situações amplamente testemunhas de violência política de gênero de cunho moral, verbal e psicológica contra mulheres integrantes e apoiadoras da chapa 3 portando-se ao berros, ferindo a honra, tentando desestabilizar psicologicamente com provocações e ofensas como “vagabunda” pra baixo. O mesmo em diversas situações precisou ser contido por homens que ao se portarem a ele faziam com que se afastasse ou moderasse o tom.

Sobre a denúncia do CA de pedagogia

Tivemos conhecimento pelo Instagram do Centro acadêmico de pedagogia e da Chapa Canto de coragem(UJS/JPT) de uma denúncia feita a nossa chapa por racismo.

Condenamos qualquer forma de violência e opressão que foi expressa nesse processo, porém, até o momento e com as atuais apurações, não reconhecemos em nossa chapa e nem em seus membros, alguma atitude ou prática racista à artista e estudante Medusa. Também não foi denunciado publicamente o nome da pessoa que supostamente proferiu algum tipo de violência, ou seja, o que foi exposto até agora não cita sobre quem fez a ação, só nomeia a nossa chapa sem apresentar nenhuma prova ou nos encaminhar algo.

Estamos colhendo as informações que ocorreram no processo e nos colocamos à disposição do centro acadêmico de pedagogia para explicitar os fatos que ocorreram e tomar as medidas necessárias.

Por enquanto, o que foi colhido até agora são fatos e vídeos que mostraram que no processo de eleição para o Conune nós sofremos diversos episódios de transfobia e violência por parte da chapa 02 (UJS e JPT) explicitados aqui.

Isso também não é algo novo para nós, já que os membros da UJS praticam a anos episódios de ameaças e violência contra militantes mulheres e ex militantes da UJC ( que constrói a chapa Disputar o Presente Construir o Futuro) no curso de Licenciatura em História e que todas as denúncias foram feitas em âmbito da justiça externa.

É urgente reconhecer que o tensionamento crescente nos processos eleitorais da UNE por parte da majoritária, que se sente pressionada a dividir algumas poucas cadeiras com a oposição de esquerda, tem ultrapassado os limites da divergência política legítima. Em nome da “vitória” e de perpetuar seu madonismo na Une por duas décadas, vêm sendo reproduzidas práticas autoritárias, violentas e excludentes, e isso atravessa pessoas negras, pessoas LGBTQI+ e mulheres.

Reafirmamos que a postura da nossa militância é a da politização dos debates, da escuta, da firmeza política e do convencimento através do diálogo, sem abrir mão do respeito mútuo.

Queremos pautar outro modelo de militância no movimento estudantil: que promova a formação política e o acolhimento, e que possa qualquer um apresentar suas divergências quanto ao projeto político defendido, mas sem que haja a imposição por gritos, silenciamentos ou ameaças.

É impossível falar em transformação social e defesa da classe trabalhadora sem enfrentar o racismo, o machismo e a transfobia que atravessam nossas vivências cotidianas. Quando isso acontece dentro do processo da UNE, por parte da majoritária, não é apenas um erro político: é uma traição à história da entidade.

A denúncia que fazemos aqui não é isolada, tampouco se limita a uma experiência pessoal. Ela expressa o esgotamento de um modelo de disputa marcado pelo autoritarismo, pelo carreirismo e pela reprodução das mesmas estruturas de opressão que combatemos.