Nota política - A inércia da reitoria diante do arcabouço fiscal e o sucateamento da educação pública

A universidade precisa, sim, tomar partido. Ela deve conscientizar e mobilizar sua comunidade para resistir à precarização imposta. O enfrentamento contra o arcabouço fiscal e todas as medidas liberalizantes que sufocam a educação é indispensável.

Nota política - A inércia da reitoria diante do arcabouço fiscal e o sucateamento da educação pública
Imagem do prédio da reitoria - Fonte: https://www.ufs.br/conteudo/72174-ufs-e-eleita-a-segunda-melhor-universidade-do-nordeste-em-ranking-internacional

Nota política da UJC na Universidade Federal de Sergipe (UFS)

No dia 22 de agosto, a reitoria da Universidade Federal de Sergipe (UFS) publicou uma carta alarmante, expondo em números a crise orçamentária da instituição. O documento revela que os valores disponibilizados pelo MEC são insuficientes para suprir as necessidades e as novas demandas da universidade. O que chama a atenção, no entanto, é a indisposição dos setores ligados à própria reitoria e ao governismo em fazerem uma denúncia e mobilização justa contra o sucateamento educacional imposto pelo atual governo Lula-Alckmin.

Em 2024, o orçamento federal para as instituições federais apresentou uma redução de R$61 bilhões em comparação com o de 2023. Segundo a própria reitoria, a média do orçamento universitário corrigida pela inflação era maior em 2016 do que em 2025, um ano em que a universidade se projeta a criar um campus novo em Estância, ofertar novos cursos e expandir progressivamente. O dilema é que com o arcabouço fiscal e as políticas de cortes educacionais, que limitam o gasto público primário e continuam a financiar o rentismo e os grandes bilionários, não será possível estabilizar os rendimentos universitários, garantir esses novos objetivos e poderá provocar sérios riscos de manutenção para os alunos da UFS em 2026.

Entretanto, ao invés de adotar uma postura combativa e mobilizada às medidas neoliberais que sufocam cada vez mais o ensino público e priorizam a financeirização educacional, a “esquerda” institucional, muito atuante na reitoria e ligada ao governismo insiste em uma narrativa de retomada do investimento público e avanços que não se traduzem na realidade do estudante universitário. O que predomina é uma omissão quanto a austeridade provocada atualmente e uma verdadeira rendição acrítica a agenda do lulismo.

Deixarão para fazer algum enfrentamento apenas quando as máfias dos barões da educação se tornarem prioridade para os governos? Quando os alunos perderem o direito a políticas de permanência estudantil? Quando as aulas universitárias forem suspensas, como por pouco não aconteceu este ano? Não adianta de nada clamar abstratamente por unidade dentro da esquerda quando o derrotismo e a conformidade com uma educação cada vez menos popular, abrangente, formadora e mais neoliberal e mercantilizada é praticada por esses setores. As reais medidas populares são deixadas em segundo plano para serem feitas conciliações e políticas das “boas amizades” que subordinam a universidade a interesses eleitoreiros e não discutem de verdade sobre a raiz do problema, que é o projeto de precarização geral da educação pública.

A crítica precisa ser independente e não deve ter amarras com a institucionalidade. O medo não deve ser um fator presente para uma verdadeira ruptura com o sufocamento do ensino público e nem as próprias decisões universitárias, como foi o caso da postura vergonhosa quanto a polémica da redação do vestibular EAD. Além de democrática, a reitoria deve representar vigorosamente as necessidades dos estudantes, professores, técnicos administrativos e todos outros que participam e constroem a UFS acima de qualquer questão burocrática, conciliação política ou eleitoral.

A universidade precisa, sim, tomar partido. Ela deve conscientizar e mobilizar sua comunidade para resistir à precarização imposta. O enfrentamento contra o arcabouço fiscal e todas as medidas liberalizantes que sufocam a educação é indispensável. Não é suficiente apenas concordar com a pauta, é preciso lutar por uma mudança que contagie as outras universidades e as politize de forma ativa, não conivente. Nós da UJC/PCBR nos somamos a essa luta justamente por almejarmos uma universidade e educação verdadeiramente populares e universais, com investimento público pleno e que não dependa de emendas e auxílios para sua construção e manutenção.

PELO FIM DO ARCABOUÇO FISCAL!
LUTAR, CRIAR A UNIVERSIDADE POPULAR!