Escola sem Partido: o mito da neutralidade
As diretrizes do projeto são rasas e arraigadas em valores morais, principalmente na supervalorização do papel da família no processo de formação. O projeto tem o objetivo de ocultar e naturalizar relações sociais que são hegemonicamente burguesas, e com isso tem alcançado a individualidade dos sujeitos da classe trabalhadora, acentuando o poder ideológico do projeto e os afastando da possibilidade de serem sujeitos de uma educação que os aproxime da sua consciência de classe.
Supostos valores como “liberdade”, “neutralidade” e “pluralidade” são pregados como tripé da construção da proposta e disseminados pelos defensores do projeto, que combatem espantalhos de “doutrinação” para tratarem da realidade enquanto um dado natural, anulando a implicação da construção a partir de processos históricos, marcados por conflitos sociais. Na prática pedagógica, ao negar a exposição das contradições inerentes à nossa sociabilidade, a Escola sem Partido se torna mais um instrumento poderoso de conformação social. Sendo assim, o destrinchar da “Escola sem Partido”, nos leva de encontro à sua essência, ao mecanismo estratégico que a mesma, através de argumentos malabares, se pretende combater: ideologia.
Essa proposta do Escola sem Partido representa os interesses políticos e econômicos dos setores mais atrasados de nosso país. Esse PL vai de encontro com a luta pelas liberdades democráticas e políticas duramente conquistadas durante décadas de luta de nosso povo, estudantes e profissionais da educação. Os resquícios da Ditadura ainda persistem nesses setores que querem garantir o processo de privatização da educação na tentativa de garantir a taxa de lucro dos grandes monopólios e na reprodução do Capital.
Não à toa esse projeto, que começou a ser articulado em meados do início dos anos 2000, encontrou o seu momento em uma conjuntura que lhe é propícia, mas que ao mesmo articula uma contraofensiva contra o movimento estudantil. Nos últimos 2 anos, o movimento secundarista protagonizou uma primavera de ocupações em diversos estados, onde a principal pauta era a luta contra privatização das escolas (modelo das OS) e por mais democracia nas escolas (eleição direta para diretores). Sendo assim, esse PL encontra um terreno ideológico fértil em um momento de escalada conservadora na sociedade e articula um ataque claro para desarmar politicamente e ideologicamente o conjunto dos estudantes que mostraram uma profunda disposição de luta contra o ataque a educação pública.
É fundamental para a juventude estar presente na articulação nacional de luta contra o Escola Sem Partido, que nesse último mês realizou, no Rio de Janeiro, o lançamento da Frente Nacional Contra o Projeto Escola Sem Partido que envolve diversos setores que se colocam contra aqueles que querem transformar nossas escolas em espaços que não se caracterizem em espaços de discussão e formação do pensamento crítico em nossa sociedade. Nacionalizar essa luta é fundamental para barrarmos mais esse ataque. Envolver o máximo de sindicatos de professores, DCEs, CAs, Associações de Pais e Alunos, estudantes jovens e trabalhadores vai ser indispensável para o êxito da luta contra os ataques a educação pública.
A União da Juventude Comunista se propõe a lutar por modelo de educação comprometido com a transformação da realidade social e emancipação humana. O combate ao projeto “Escola sem Partido” é necessário!
Organizar a juventude contra os retrocessos na educação!